Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha
Escrito por: Horiens - 23/07/2024
Sabemos que duras realidades afetam diretamente a vida da população negra no Brasil, em especial a das mulheres negras, que são as maiores vítimas da violência no país.
Para se ter uma ideia da magnitude do problema, segundo estudo recente realizado pelo Núcleo de Estudos Raciais do Insper, com base em dados do Ministério da Saúde, quatro entre dez vítimas de estupro no Brasil são crianças e adolescentes negras. Elas são maioria em todas as faixas etárias, numa proporção de cerca de 2 para 1 na comparação com mulheres brancas.
A situação é similar na América Latina. Dados do Observatório de Igualdade de Gênero do Fundo de Populações das Nações Unidas (UNFPA) indicam que há uma prevalência de 7,2% da violência contra mulheres afrodescendentes em relação a mulheres brancas em toda a região.
Além da desigualdade social, a vulnerabilidade enfrentada pelas mulheres negras não tem como ser dissociada do racismo e da história de colonização e exploração de pessoas negras em países latino-americanos.
“Quando se analisam diversos indicadores relacionados a violência, fica evidente que a interseccionalidade entre gênero e raça bem como a insuficiência de políticas públicas que trabalhem o pilar da equidade, tornam as mulheres negras o público mais vulnerável aos mais diversos tipos de violência na América Latina”, explica Fernanda Gabriela Lima, integrante da Horiens e membro do Comitê de Diversidade e Inclusão da empresa.
Uma data histórica e o legado de Tereza de Benguela
A data internacionalmente reconhecida é uma referência ao pioneiro Encontro de Mulheres Negras Latinas e Caribenhas realizado em 25 de julho de 1992, em Santo Domingo, na República Dominicana. O evento pautou discussões necessárias acerca dos diversos problemas enfrentados pelas mulheres negras assim como alternativas para resolvê-los.
O encontro deu origem à Rede de Mulheres Afro-latino-americanas e Afro-caribenhas que, junto com a ONU, buscou o reconhecimento do dia 25 de julho como o Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha.
No Brasil, desde 2014, por meio da Lei nº 12.987, foi instituído na data o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra.
Apesar de ter sua história ainda pouco contada, Tereza, a Rainha do Quilombo de Quatiterê (atual fronteira entre Mato Grosso e Bolívia), foi uma importantíssima liderança na luta contra a escravidão no país no século 18.
O Quilombo abrigava destacada presença de negros e indígenas e teve sua estrutura política, econômica e administrativa comandada por Tereza, que coordenou um forte aparato de defesa armada, além de ter estabelecido um parlamento para decidir as ações da comunidade, que vivia do cultivo de algodão, milho, feijão, mandioca, banana e da venda dos excedentes produzidos. Sob sua liderança, a comunidade resistiu à escravidão por duas décadas.
“O preconceito de raça e gênero também se reflete no registro da história, o que acaba resultando no desconhecimento de figuras importantes como Tereza de Benguela. Por isso, na Horiens consideramos fundamental aproveitar as datas relacionadas ao calendário de diversidade para ampliar conhecimento e elevar o nível de consciência a respeito do assunto”, completa Fernanda.